9 de agosto de 2008

"As bonecas de porcelana fazem-nos sonhar.

As bonecas de porcelana são o sonho da vida intocável que é a morte.

As bonecas de porcelana são a vida que deixamos morrer."

25-05-2008

Aprendemos. Aprendemos a viver, aprendemos a amar. Amámos, amamos e amaremos sempre, com o desejo de um sempre infinito e não o sempre real, o efémero. Complicamos na simplicidade de um tudo inexistente, e somos felizes com isso. O vazio dá-nos o espaço que cremos ter, na imensidade da mentira diária.
Acordamos felizes e deitamo-nos mortos com o mundo, tal como as bonecas de porcelana. Acabamos sempre por matar a felicidade ao fim do dia. As asas nocturnas não nos deixam sonhar e voamos na beleza do vazio espaçado.
As asas que voam connosco, vão e vêm e apenas duas ou três ficam para um sempre de sonho. Vamos morrendo à medida que as asas voam para longe de nós. Dão-nos vida a cada segundo que voltam, aprendemos a voar nas nossas asas pela vista da janela das asas feridas de retorno, que ajudamos a sarar. Somos felizes mesmo que a caminho da morte, porque a vida é um percurso de ida eterna. E morremos na certeza de continuar a ser felizes e a sarar as pequenas feridas das bonecas de porcelana, já mortas.

Morremos depois de amar, amar as intocáveis bonecas de porcelana.